Um vírus alterado geneticamente foi testado em 30 pacientes com cancro de fígado em fase terminal e prolongou significativamente o tempo de vida dos doentes, reduzindo o tumor e inibindo o crescimento de novas massas, segundo avançou um estudo recentemente publicado na revista Nature Medicine.
O vírus Pexa-Vec ou JX-594 foi administrado aos pacientes, em doses diferentes, durante quatro semanas; 16 deles receberam uma dose elevada e sobreviveram em média mais 14,1 meses. Os restantes, que receberam uma dose mais baixa, viveram mais seis a sete meses, em média.
David Kirn, do departamento de Investigação e Desenvolvimento da empresa de bioterapia Jennerex, sediada na Califórnia (EUA), e coautor do estudo, referiu que o vírus foi concebido para se replicar e destruir as células cancerígenas, desencadeando um "efeito antitumoral", ou seja, fortalecendo o sistema imunitário dos doentes.
“Apesar dos avanços no tratamento do cancro nos últimos 30 anos com a quimioterapia e as terapias biológicas, a maioria dos tumores sólidos permanece incurável quando desenvolve metástases”, escreveram os autores no artigo, acrescentando que, agora, “pela primeira vez na história da medicina, se mostra que um vírus alterado geneticamente pode aumentar o tempo de vida dos doentes de cancro”.
O vírus foi injetado diretamente no fígado para atacar o tumor principal, mas acabou por ter os mesmos efeitos em tumores secundários, reduzindo o seu tamanho –o que mostra que o vírus se espalhou pelo corpo.
Os autores da investigação já estão a preparar um estudo a uma escala maior, com 120 pacientes e, posteriormente, pretendem testar o efeito do Pexa-Vec noutros tipos de cancro. No entanto, alguns dos efeitos secundários possíveis incluem sintomas semelhantes aos da gripe e vômitos.
Este vírus já tinha sido utilizado na vacina contra a varíola, segundo avançou um diário angolano.
Fonte: Ciência Hoje