Uma equipe do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), liderada por Carla Oliveira, descobriu uma forma de prever o prognóstico de pacientes com cancro do estômago, alterando a estrutura da molécula caderina-E – gene relacionado com cancro gástrico hereditário.
A investigação será publicada na edição de Março 2013 do Journal of Clinical Oncology e contou com a colaboração de cientistas italianos, já que a série de tumores em estudo veio de Siena, Itália.
O cancro do estômago é um tipo de doença prevalente em Portugal, sendo a segunda causa de morte por patologia oncológica. Só no nosso país surgem 37 novos casos por 100 mil habitantes por ano, em incidência, contra nove casos por 100 mil habitantes nos Estados Unidos, segundo dados avançados por Carla Oliveira.
A caderina-E é uma molécula determinante em formas familiares da doença, mas é também encontrada no cancro esporádico de estômago; “por isso, se torna tão importante estudá-la”, referiu a investigadora.
Em 100 por cento dos cancros gástricos, 90 por cento são esporádicos e dez por cento são hereditários, mas desta última percentagem “um por cento tem alteração germinativa da caderina-E e os outros nove por cento são de origem desconhecida”, continuou sublinhando que “os outros 90 por cento têm ausência de expressão da molécula ou deslocalização e, quando isso acontece, os tecidos não conseguem fazer a adesão e manter a sua arquitetura”, ou seja, “as células ficam deslocadas” – uma das origens do cancro e do aparecimento de metástases.
Recorde-se que as caderinas são moléculas de adesão celular, que permitem a ligação entre células vizinhas.
Pior sobrevida
No entanto, fazer o estudo da expressão da proteína não permite prever um prognóstico dos doentes. Sendo assim, a equipe procurou alterar a estrutura do gene para encontrar um marcador de prognóstico e, segundo os resultados, “os doentes com tumores que apresentassem alterações estruturais e perdiam porções da proteína, tinham pior sobrevida”, acentuou ainda.
As conclusões revelaram ainda que dentro destes havia um grupo particular com o pior prognóstico de todos – “os que tinham simultaneamente história de cancro intestinal familiar”, cuja sobrevida não excedia os dois anos.
Uma das possíveis consequências do estudo é a monitorização dos familiares destes doentes, de forma a apertar o espaço de vigilância e fazer uma prevenção antecipada.
Fonte: Ciência Hoje