quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cola de mexilhão evita partos prematuros e melhora quimioterapia


Membrana amniótica

Cientistas têm estudado os mexilhões há anos.
E não apenas por conta de suas propriedades nutricionais ou aplicações culinárias, mas também por um interesse especial na cola natural que produzem, o que lhes dá uma notável capacidade de se manterem grudados nas rochas.

O maior objetivo está nas aplicações da cola biológica na medicina.

No final do ano passado, um grupo de pesquisadores do Canadá mostrou que a força de adesão dessa cola pode ser usada para reforçar as paredes dos vasos sanguíneos humanos.

Agora, uma equipe da Universidade Northwestern (EUA) demonstrou que o material pode ser usado para o reparo de membrana amniótica e como polímeros para o transporte de medicamentos no tratamento de tumores.

Cola biológica

"A adesão dos mexilhões é um processo notável que envolve a secreção de uma proteína líquida que se endurece rapidamente na forma de um adesivo sólido e resistente à água," disse Phillip B. Messersmith, coordenador do estudo

"Diversos aspectos desse processo natural nos inspiraram a desenvolver materiais sintéticos. Uma aplicação importante pode estar no reparo de tecidos do corpo humano, nos quais a água está presente e dificulta bastante as tentativas de tratamento," completou.

Os "pés" do mexilhão comum (Mytilus edulis), muito comum na costa brasileira, produzem uma cola cujo componente-chave é uma família de proteínas que contêm concentração elevada do aminoácido DOPA (dihidroxifenilalanina).

Os pesquisadores conseguiram agora sintetizar essa proteína, compondo uma cola líquida que se solidifica e adere ao tecido úmido dos tecidos humanos.

Cola médica

A principal aplicação estudada até agora é a reparação da membrana amniótica.
O rompimento prematuro da membrana amniótica pode ocorrer espontaneamente ou em conjunto com um procedimento cirúrgico.

As membranas têm capacidade limitada de se recuperar dessas rupturas e o resultado é frequentemente o parto prematuro ou outras complicações sérias.

O material injetável é uma mistura de duas soluções diferentes que, quando combinadas, formam um selante em cerca de 10 a 20 segundos.

Outra aplicação possível é o transporte de drogas antitumorais.

Um dos formatos das moléculas do polímero bioinspirado tem uma forma adequada para transportar medicamentos, com a particularidade de serem estáveis e inativos na corrente sanguínea.

Sensíveis ao pH local, essas partículas são ativadas pelo meio mais ácido das áreas com tumores, onde liberam as drogas.

Fonte: Agência Fapesp