
O
tratamento inovador começou há três meses, e vem sendo estudado com cautela
também por outros pesquisadores dos EUA e da Europa.
O
maior benefício do novo processo, acreditam os cientistas, é a possibilidade de
redução dos efeitos colaterais ao indivíduo, já que apenas o órgão, e não o
corpo inteiro, é exposto à química.
Além
disso, é possível aplicar maiores doses de medicamentos.
A
terapia durou 60 minutos em cada paciente. O fígado foi separado através de
dois balões inflados inseridos dentro de vasos sanguíneos do órgão para desviar
o fornecimento de sangue.
Em
seguida ao tratamento, chamado perfusão hepática percutânea (PHP), o sangue foi
drenado do paciente e processado através de uma máquina de filtragem para reduzir
sua toxicidade antes de retornar ao corpo humano pela veia jugular.
“Retirar
um órgão do corpo humano por 60 minutos, banhá-lo em uma alta dose de drogas,
filtrar o sangue até que esteja completamente pronto e devolvê-lo ao corpo humano
é algo realmente inovador” comemora Brian Steadman, consultor do serviço de
radiologia intervencionista do hospital.
Segundo
Stedman, o tratamento ainda pode se desenvolver para ser usado em outros tipos
de câncer, como de cólon, de mama e de pele. Basicamente, qualquer órgão que
possa ser separado do fornecimento de sangue, como rins, pâncreas e pulmões,
pode passar por este tipo de processo.
Para
o oncologista Paulo Hoff, diretorgeral do Instituto do Câncer do Estado de São
Paulo (Icesp), a maior novidade das operações realizadas no Reino Unidos é o
método. O tratamento localizado em apenas um órgão, e não em mais tecidos,
porém, já é feito no Brasil e em diversos membros.
“Nossa
própria entidade trata casos de melanoma e sarcoma (tipos de câncer de pele).
Injetamos os medicamentos na artéria e depois filtramos o sangue nas veias. Já
há também, quimioterapia localizada em pulmões e rins. A novidade deles é o
modo”, garante.
Médica
do setor de Oncologia Clínica do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Uerj),
Fernanda Esteves lembra, porém, que a eficácia do tratamento localizado depende
do nível de metástase do tumor no organismo.
“Se
estiver muito avançado, não basta pensar no tratamento de apenas um órgão. É
preciso pensar em outras estratégias” explica.
Jornalista:
Felipe Sil - O Globo