Hemofilia tipo A
Pesquisadores
da USP, no Hemocentro de Ribeirão Preto, desenvolveram uma técnica capaz de
revolucionar o tratamento de portadores da hemofilia do tipo A.
Trata-se do
fator VIII recombinante (rhFVIII), produzido por meio de engenharia genética a
partir de células humanas.
A hemofilia A
é uma doença genético-hereditária que se caracteriza pela desordem no mecanismo
de coagulação do sangue, com uma deficiência do fator VIII.
Estima-se que
haja hoje no País cerca de nove mil pacientes que dependem desse tratamento.
Fatores
de coagulação
Independente
da gravidade da doença, o tratamento dos portadores de hemofilia tipo A é
necessariamente feito pela reposição do fator VIII (concentrados de fatores de
coagulação do sangue).
O fator VIII
de coagulação oferecido à população no tratamento de hemofilia A pode ser
obtido por dois métodos: pelo plasma humano ou por engenharia genética.
O Brasil
importa medicamentos da França, investindo paralelamente em um projeto de
plasma humano que não suprirá a necessidade dos hemofílicos brasileiros.
Mas o estudo
do Hemocentro de Ribeirão Preto, cuja patente já foi requerida, criou uma
tecnologia inédita para o tratamento de hemofilia A.
Engenharia
genética
No Brasil,
atualmente, o tratamento dos hemofílicos é realizado com os fatores VIII e IX
purificados a partir do plasma de pessoas normais. Essa estratégia é inadequada
por duas principais razões: o risco a infecções e a necessidade de uma grande
demanda de plasma de doadores sanguíneos normais, sendo que a demanda
disponível no momento é inferior a essa necessidade.
Com a nova
técnica, células humanas modificadas geneticamente dão origem aos fatores de
coagulação.
De acordo com
o professor Dimas Tadeu Covas, a produção do rhFVIII será capaz de suprir a
demanda necessária para garantir a qualidade de vida dos pacientes e conter os
sangramentos, passando o país de importador de concentrados plasmáticos,
originados da França e Itália, para exportador do produto.
10
vezes mais barato
Agora será
necessário investir na nova tecnologia, para que ela possa chegar ao mercado e
mudar a situação dos hemofílicos brasileiros.
Além das
vantagens e de se tratar de uma tecnologia genuinamente brasileira, o investimento
na nova tecnologia sairá 90% mais barato do que é feito hoje.
O investimento
necessário para colocar uma unidade produtora de fator VIII Recombinante de
grande porte para suprir a necessidade nacional, bem como colocar o país como
exportador, fica em torno de 60 milhões de dólares.
Atualmente, o
governo brasileiro apoia fábrica de fator VIII plasmático que não suprirá
sequer 16% da necessidade da população, gastando cerca de 600 milhões de
dólares.
Fonte: Agência USP