Degeneração
macular úmida
Milhões de
pessoas com degeneração macular "úmida" usam uma classe de
medicamentos conhecida como anti-VEGF.
Mas agora
cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps (EUA) descobriram que uma redução
drástica da atividade VEGF pode fazer mais mal do que bem.
A degeneração
macular úmida - também chamada de "molhada" ou "exudativa"
- causa uma diminuição da visão bem mais acentuada do que outras formas da
doença.
Nesta condição,
vasos sanguíneos anormais crescem abaixo da retina, produzindo vazamento de
fluidos ou hemorragias, o que resulta na distorção ou embaçamento súbitos da
visão.
Crescimento
de vasos sanguíneos
Os
pesquisadores deletaram o gene para o fator de crescimento VEGF dos vasos
sanguíneos, que tem sido implicado na estimulação do crescimento anormal de
vasos sanguíneos em uma grande gama de cânceres e de doenças oculares.
Os resultados
mostraram que, sem o VEGF, um grande subconjunto de células fotossensíveis
perdeu seu principal suprimento sanguíneo e morreu, causando perda de visão
severa.
"Está se
tornando claro que o VEGF tem uma função fundamental na manutenção da saúde da
retina, e precisamos preservar essa função crítica quando tratamos condições relacionadas
ao VEGF," disse o professor Martin Friedlander, autor sênior do novo
estudo, que será publicado na edição do Journal of Clinical Investigation.
VEGF -
fator de crescimento endotelial vascular
O VEGF (fator
de crescimento endotelial vascular) tem sido um alvo importante para o desenvolvimento
de novos medicamentos.
Tumores
frequentemente apresentam uma superprodução de VEGF para estimular o
crescimento dos vasos sanguíneos locais e, assim, manter seus processos de
divisão celular acelerados bem abastecidos com oxigênio e nutrientes.
Condições de
baixa oxigenação nos olhos de idosos ou diabéticos também podem desencadear a
superprodução de VEGF, o que resulta em um crescimento de vasos sanguíneos
anormais na retina, que vazam e destroem a visão.
Vários
medicamentos anti-VEGF (como Lucentis® (ranibizumabe), Macugen® (pegaptanib),
Eylea® (aflibercept) e Avastin® (bevacizumab)) já estão em uso, e dezenas de
outros estão em testes clínicos contra o câncer e doenças oculares comuns, como
a degeneração
macular úmida.
Função
do VEGF
Toshihide Kurihara
e Peter Westenskow, orientados pelo professor Friedlander, descobriram uma
maneira de apagar o principal gene VEGF em cobaias depois de os animais chegarem à idade
adulta.
Para
determinar o papel do VEGF na retina, eles limitaram a deleção do gene às
células do epitélio pigmentar da retina, que alimentam e reparam a retina e são
uma importante fonte de VEGF.
O resultado
sugere que o VEGF tem uma função crucial na retina adulta.
Células-cone
sensíveis à luz que ficam nas proximidades, que são especializadas na detecção
de cores e detalhes finos nas imagens, também perderam rapidamente sua função,
causando perda de visão acentuada nos camundongos.
Sete meses
após o desligamento do gene VEGF, o dano à retina e a perda de visão ainda eram
evidentes. "A deterioração parece irreversível se o VEGF não estiver
presente," disse Westenskow.
Medicamentos
anti-VEGF
Se tais
efeitos colaterais estão acontecendo com os atuais tratamentos anti-VEGF é algo
que não está claro.
Embora essas
avaliações sejam possíveis, elas foram consideradas proibitivamente caras e
invasivas.
Friedlander,
no entanto, agora acredita que tais estudos são necessários e planeja realizar
tais avaliações em pacientes com transtornos oculares - que normalmente recebem
injeções diretas de drogas anti-VEGF para os seus olhos - para determinar se as
drogas estão causando estes efeitos colaterais adversos.
Ele observa
que as avaliações podem ser particularmente necessárias para uma nova classe de
drogas anti-VEGF recentemente aprovadas para uso no tratamento de degeneração
macular relacionada à idade, que são muito mais potentes e persistentes do que
os agentes anti-VEGF anteriores.
Alternativas
de tratamento
Felizmente,
drogas anti-VEGF não são a única estratégia possível para o tratamento do
crescimento patológico de vasos sanguíneos, como o novo estudo deixa claro.
Tumores e
doenças oculares relacionados ao VEGF também envolvem a superprodução de
proteínas sinalizadoras de baixo oxigênio, conhecidas como HIFs.
A equipe
descobriu que deletar os genes para essas HIFs nas células da retina impede em
grande parte o crescimento excessivo dos vasos sanguíneos em uma cobaia-modelo,
sem afetar a produção normal do VEGF retinal ou causar danos aos olhos.
"À luz
destas novas descobertas, é possível vislumbrar outras estratégias para o
tratamento destas doenças oculares," disse Friedlander. "É concebível
que um tratamento anti-HIF também possa ser combinado com um tratamento anti-VEGF,
permitindo que a dose deste último seja reduzida de forma significativa."
Fonte:
Diário da Saúde - Baseado em artigo de Mika Ono