Instrumento de gestão indispensável em uma farmácia hospitalar é o planejamento, processo de estabelecer objetivos e linhas de ação adequadas para alcançá-los. O controle, por sua vez, encarrega-se de assegurar o êxito dos planos elaborados.
O planejamento na farmácia hospitalar, como em todas as organizações, se inter-relaciona com as demais funções administrativas. O sucesso do planejamento depende da eficiência de outras funções e essas existem em consonância com o planejamento. Portanto, a organização, a direção e o controle não têm razão de ser se não existir um planejamento para assegurar a organização e que defina a direção a caminhar e o que controlar. Um serviço de farmácia deverá ser administrado por um profissional Farmacêutico com qualificação e experiência em farmácia hospitalar.
O serviço de Farmácia deve dispor de um número adequado de Farmacêuticos e profissionais de apoio (nível médio) qualificados e competentes. A SBRAFH preconiza que a unidade de farmácia hospitalar deve contar com, no mínimo, um Farmacêutico para cada 50 leitos. O número de auxiliares de Farmácia dependerá da disponibilidade de recursos e do grau de informatização da unidade. Na ausência destes recursos, deve existir, no mínimo, um auxiliar para cada dez leitos.
O perfil do Farmacêutico hospitalar deve abranger as habilidades, destrezas, comportamentos e atitudes consideradas fundamentais para o Farmacêutico moderno segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui na descrição das características do Farmacêutico moderno:
Capacidade Técnica de Prestação de Serviço
O Farmacêutico é um prestador de serviços clínicos, analíticos e tecnológicos aos indivíduos, comunidades e instituições. A prática assistencial deve ser contínua, de alta qualidade e integrada aos sistemas de saúde. Portanto, exige-se boa formação técnica.
Poder de Decisão
A base de trabalho do Farmacêutico deve ser a utilização adequada, eficaz, com análise de custo e efetividade dos recursos (materiais e humanos) empregados. Para atingir esta meta é necessária habilidade de avaliar, sintetizar e decidir pela estratégia de ação mais eficaz.
Capacidade de Comunicação
Habilidade de comunicação verbal, não verbal, escrita e escuta são essenciais para a prática assistencial, pois o Farmacêutico interage com pacientes, com as equipes de saúde e administrativa.
Liderança
O Farmacêutico deve assumir, muitas vezes, uma posição de liderança para desenvolver suas atividades. Liderança envolve solidariedade e empatia, assim como a habilidade para decidir, comunicar e gerenciar de forma efetiva.
Habilidade Gerencial
O Farmacêutico deve gerenciar de forma eficaz os recursos (humanos e físicos) e a informação. Como gerente de nível intermediário deve possuir boa integração e relação com os níveis hierárquicos da instituição.
Aperfeiçoamento Profissional
O avanço tecnológico e a produção técnico-científica do mundo moderno exigem a atualização constante dos profissionais. A disponibilidade para aprender novas metodologias e reciclar conhecimentos é essencial.
Capacidade de Ensinar
O Farmacêutico, na vida profissional, necessita transmitir o conhecimento e elaborar procedimentos, visando melhorar as habilidades da equipe de trabalho.
Os níveis de autoridade e áreas de responsabilidade devem ser claros; a supervisão e o controle do pessoal devem ser desenvolvidos adequadamente. As atribuições de cada categoria profissional devem estar bem estabelecidas e deverão ser revisadas quando necessário. É importante o serviço dispor de manual contendo essas atribuições para conhecimento e consulta de todos os funcionários.
Uma gestão de recursos humanos adequada, coordenada pelo chefe do serviço com auxílio dos supervisores, irá garantir aos funcionários uma satisfação no trabalho e cumprimento dos planos de atividade, colaborando, assim, para que a Farmácia da instituição atinja seus objetivos.
Gerenciamento de Recursos Materiais
A gestão dos recursos materiais deve ser executada pela seção administrativa do serviço de Farmácia e supervisionada pelo Farmacêutico.
Na dinâmica hospitalar contemporânea o impacto dos preços dos medicamentos nos gastos assistenciais é muito grande, impondo uma gestão de estoques de controle rígida, capaz de obter, coordenar e analisar fatos, para tomar decisões corretas a tempo e a hora, visando a redução dos custos sem prejuízo da assistência ao paciente.
A administração de estoques de medicamentos compreende gerir estoques essenciais e padronizados, exigindo, para sua especialidade, a atuação de profissionais qualificados e conhecimento profundo em: Bases farmacológicas dos medicamentos em estoque; similaridade; condições ideais e exigências de conservação; controle do prazo de validade dos medicamentos estocados, de modo que com habilidade profissional conduza ao escoamento mais rápido os estoques mais antigos e cujos prazos de validade estão mais próximos.
Dessa forma, torna-se imprescindível a implantação de um sistema bem estruturado em todas as fases do processo de controle de estoque, para que a continuidade do processo de assistência Farmacêutica seja assegurada e não haja ruptura do estoque, garantindo o atendimento da demanda das prescrições.
Análise de Prescrição e Distribuição Eficiente.
A Farmácia deve ser responsável pela aquisição, distribuição e controle de todos os medicamentos utilizados no hospital. Deve ser prioridade a implantação de sistemas apropriados de distribuição de medicamentos. O Farmacêutico deve analisar as prescrições de medicamentos antes de serem dispensadas, exceto em situações de emergência. As dúvidas devem ser resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas serem registradas para que o resultado seja a distribuição correta do medicamento.
Fornecimento de Informações sobre Medicamentos
O Farmacêutico é responsável pelo fornecimento de informações adequadas sobre medicamentos para a equipe de saúde. Para tal, os Farmacêuticos devem se manter atualizados por meio de literatura, visitas técnicas, participação em grupos de estudos e em grandes eventos científicos. A equipe deve elaborar e divulgar boletins informativos sobre o uso de medicamentos.
Otimização de Terapia Medicamentosa
Visando a melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia o Farmacêutico tem participação importante na elaboração de uma política de uso racional dos medicamentos. Este trabalho deve ser executado com o apoio da diretoria clínica e a colaboração da comissão de Farmácia e terapêutica.
O uso racional de medicamentos consiste em obter o efeito terapêutico adequado à situação clínica do paciente utilizando o menor número de fármacos, durante o período mais curto e com o menor custo possível.
A otimização da terapia medicamentosa é função precípua da unidade de farmácia hospitalar. Contribui para diminuir a permanência do paciente no hospital e para a melhoria de sua qualidade de vida.
Fonte:
Portal Educação