Pacientes serão os maiores beneficiados pelo
tratamento mais barato.
Os pacientes de Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP)
no Brasil passam a contar com uma opção mais barata para seu tratamento a
partir do segundo semestre, quando estará disponível a Bosentana genérica. A
Bosentana, cujo nome comercial é Tracleer, é uma medicação reconhecida
mundialmente como tratamento de primeira linha para a HAP utilizado por mais de
100 mil pacientes em todo o mundo.
Para a presidente da Associação Brasileira dos
Portadores de Esclerose Sistêmica (Abrapes) Maria do Rosário Mauger, este novo
produto, que terá como vantagem a redução de mais de 70% do preço original,
será muito importante para o acesso dos pacientes ao adequado tratamento.
“Neste mercado de alto custo, a diminuição do valor do tratamento é
extremamente positivo, porque antes o governo justificava que o medicamento era
caro, e por isso muitos pacientes não eram beneficiados, agora vai dar pra
comprar para todos”, comemora Rosário.
Embora utilizada pela maioria dos pacientes no
país, a Bosentana não está na lista de medicamentos do SUS, que conta apenas
com uma medicação para a HAP, a Sildenafila. Para ter acesso a este e aos
demais medicamentos que possuem registro na Anvisa, os pacientes são obrigados
a recorrer à Justiça. Com exceção dos pacientes dos estados de São Paulo, Brasília,
Minas Gerais e Pernambuco que possuem protocolo clínico estadual da doença
incluindo a Bosentana e a Sildenafila.
Além de ser a única droga com indicação para uso
adulto e pediátrico no tratamento da HAP, a Bosentana também tem indicação para
Úlceras Digitais, doença caracterizada pela má circulação nos dedos da mão que
pode levar à amputação, que tem grande incidência em pacientes de Esclerose
Sistêmica. “Este genérico também vai ser muito importante para nossos pacientes
que sofrem de Úlceras Digitais, pois temos pessoas que já tiveram que amputar
dedos por falta dessa medicação, uma vez que a justificativa da Secretaria de
Saúde para não fornecer o medicamento é sempre o custo”, ressalta.
A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é uma doença
crônica grave caracterizada pelo aumento progressivo na resistência vascular
pulmonar, ocasionando a sobrecarga do coração, que pode levar à morte, quando
não tratada. Os pacientes se tornam incapazes de executar simples tarefas do
dia a dia, como pentear os cabelos e tomar banho, devido a severa falta de ar e
o forte cansaço, principais sinais da HAP. Devido a natureza não específica dos
sintomas, a HAP é facilmente confundida com outras doenças mais comuns, como
asma e bronquite, e, por isso, costuma ser mais frequentemente diagnosticada
quando os pacientes atingem um estágio avançado, sugerindo que a prevalência
real pode ser maior que a registrada pela literatura médica.
A HAP idiopática (origem desconhecida) costuma ser
mais comum em mulheres, mas também pode ocorrer de forma secundária a outras
doenças, como ao HIV, a esclerose sistêmica e as cardiopatias congênitas. Por
exemplo, no Brasil, Egito, sudeste da Ásia e África Subsaariana estima-se que
20% dos pacientes com esquistossomose possam sofrer de HAP. A média da
expectativa de vida do paciente sem o adequado tratamento é de 2,8 anos.
Fonte: Fator Brasil