segunda-feira, 2 de abril de 2012

Doença de Alzheimer: fármaco (bexarotene) reverte rapidamente os sintomas


 Neurocientistas americanos descobriram que um fármaco utilizado no tratamento do cancro, há mais de 10 anos, o bexarotene, é capaz de, em ratinhos,  reverter rapidamente  os problemas patológicos, cognitivos e de memória causados, pela doença de Alzheimer, de acordo com um estudo publicado na revista “Science”.

Este achado sem precedentes pode ajudar a encontrar a cura para este distúrbio neurodegenerativo que afeta 5,4 milhões de indivíduos, só nos EUA.

A doença de Alzheimer ocorre em muitos casos quando o organismo não é capaz de eliminar a proteína beta amilóide, produzida naturalmente no cérebro. Em 2008, Gary Landreth, da Case Western Reserve University School of Medicine, em Ohio, EUA, descobriu que o principal transportador do colesterol no cérebro, a apolipoproteína E (ApoE), ajudava na eliminação das proteínas beta amilóide.

Assim, como o bexarotene estimula os recetores retinóides X, que por sua vez controlam a produção da ApoE, os mesmos investigadores decidiram verificar se este fármaco conseguia aumentar a expressão da ApoE e reduzir a acumulação da proteína beta amilóide no cérebro.

Os investigadores verificaram que, de uma forma surpreendente, a administração do fármaco melhorou rapidamente os problemas de memória e comportamento, conseguindo reverter a patologia da doença. Seis horas após a administração do bexarotene, os níveis da proteína beta amilóide tinham diminuído 25%, um efeito que perdurou durante três dias.

O tratamento com o fármaco conduziu também à estimulação da eliminação das placas beta amilóide no cérebro, tendo os investigadores verificado que mais de metade das placas tinham sido eliminadas ao fim de 72 horas. É como se o bexarotene reprogramasse as células do sistema imune do cérebro para fagocitar os depósitos de amilóide, o que permite reverter as características patológicas da doença nos ratinhos.

“Este é um estudo particularmente entusiasmante e recompensador (…) uma vez que descobrimos uma promissora e potencial terapia para a doença de Alzheimer”, revelou, em comunicado de imprensa, Gary Landreth. “O nosso próximo objetivo é aferir se este fármaco funciona de forma similar em humanos”, acrescentou o investigador.

Estudo publicado na “Science”