segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Medicação para o refluxo gástrico promove a doença hepática crônica

A medicação para o refluxo gástrico altera bactérias específicas do trato intestinal promovendo danos no fígado e o desenvolvimento de três tipos de doença hepática crônica, demonstrou um estudo.

Conduzido por uma equipe de investigadores liderada por Bernd Schnab da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, EUA, o estudo teve como objetivo investigar o efeito da supressão do ácido gástrico sobre o progresso da doença hepática crônica. 

“Depois de termos anteriormente descoberto que o microbioma intestinal – as comunidades de bactérias e outros micróbios que habitam lá – pode influenciar o risco da doença hepática, perguntamo-nos que efeito poderia ter a supressão do ácido gástrico no progresso da doença hepática crônica”, disse o investigador.

Para o estudo a equipe investigou ratinhos que simulavam a doença hepática alcoólica, a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e a esteato-hepatite não alcoólica em humanos. Foi bloqueada a produção de ácido gástrico nos roedores com um fármaco para o refluxo gástrico ou por engenharia genética. 

Para caracterizar o microbioma intestinal de cada tipo de roedor, com ou sem a produção de ácido gástrico bloqueada, foram recolhidas amostras de fezes.

Foi verificado que os ratinhos com supressão de ácido gástrico tinham desenvolvido alterações no microbioma intestinal. Aqueles roedores apresentavam mais espécies das bactérias Enterococcus. Aquelas alterações promoviam o desenvolvimento de inflamação e danos no fígado, e ainda o progresso dos três tipos de doença hepática investigada.  

Para confirmar que tinha sido o aumento da Enterococcus a fazer progredir a doença hepática crônica, a equipe colonizou também os ratinhos com a bactéria Enterococcus faecalis para reproduzir o crescimento excessivo da Enterococcus que tinham observado após a supressão do ácido gástrico.

Mais uma vez foi observado que o excesso da bactéria só por si fazia avançar a doença hepática alcoólica, bem como induziu a esteatose leve. 

Adicionalmente, os investigadores analisaram a ligação entre o uso de fármacos para o refluxo gástrico e a doença hepática alcoólica em indivíduos que bebiam álcool em excesso. 

Foram analisados 4.830 pacientes diagnosticados com abuso do álcool crônico: 1.024 pacientes usavam ativamente aquele tipo de fármacos, 745 tinham usado no passado e 3.061 nunca tinham usado os fármacos.

A equipe observou que o consumo dos fármacos naqueles pacientes para o refluxo gástrico fazia aumentar as concentrações de Enterococcus nas fezes. Mais, o risco a 10 anos de terem um diagnóstico de doença hepática alcoólica era nos utilizadores ativos dos fármacos de 20,7%, 16,1% nos utilizadores no passado e de 12,4% nos que nunca tinham usado os fármacos.

Foi assim estabelecida uma associação entre o uso dos fármacos para o refluxo ácido em indivíduos que abusam do álcool e o risco de doença hepática.

Com informações de ALERT Life Sciences Computing, S.A. 

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