Cientistas da UMinho e dos EUA submeteram a um exame de ressonância magnética funcional dez pessoas.
Nas horas e dias seguintes após fazermos um voo que cruza vários fusos horários, as nossas funções cognitivas ficam perturbadas. A conclusão está num estudo da Escola de Psicologia da UMinho, com a colaboração da Universidade Estadual de Ball (Indiana, EUA), que foi publicado na revista Chronobiology International. A introspecção, a regulação emocional e a tomada de decisão são algumas das funções que podem sofrer alterações.
Este é o primeiro estudo a confirmá-lo, com base na análise da atividade de redes neuronais de descanso dos viajantes. Até aqui os estudos internacionais estavam focados nos efeitos cognitivos da exposição crônica ao jet lag, nomeadamente em hospedeiras e pilotos de aviação. A justificação parece simples: o nosso relógio biológico, habituado ao ritmo de rotação da Terra e às horas de repouso, refeição e regulação hormonal, precisa de se ajustar ao novo meridiano para onde voamos.
No seu estudo, os cientistas da UMinho e dos EUA submeteram a um exame de ressonância magnética funcional dez pessoas que fizeram um voo transatlântico na noite anterior e compararam com outras dez pessoas que não voaram e tinham a mesma idade, gênero, origem e habilitação literária.
Os participantes do grupo de jet lag apresentaram níveis mais baixos de ativação cerebral no córtex pré-frontal medial e no córtex cingulado anterior e a circunvolução para-hipocampal esquerda, comparativamente aos sujeitos do grupo de controle.
Os resultados indiciam que aqueles voos podem influenciar no imediato funções cognitivas associadas às regiões cerebrais referidas, como a introspecção, a regulação emocional, a tomada de decisão, a atenção seletiva ou a memória autobiográfica, explica Joana Coutinho, investigadora da Escola de Psicologia e coordenadora do trabalho.
A responsável reconhece que esta pesquisa “é inédita na literatura internacional”, mas requer replicações e grupos de análise maiores em próximas etapas. Os cientistas da UMinho e de Indiana recolheram também indicadores neuro-endócrinos dos participantes, que permitem medir o nível de hormonas de stress como o cortisol. Os resultados preliminares serão divulgados em futuras publicações.
A equipa de investigação envolveu Joana Coutinho, Óscar Gonçalves, Adriana Sampaio, Patrícia Oliveira Silva, Liliana Maia, Ana Mesquita (todos do Laboratório de Neuropsicofisiologia do CIPsi - Centro de Investigação em Psicologia da UMinho), Kristin Perrone-McGovern, Stephanie Simon-Dack, Kristina Hernandez (todos da Universidade Estadual de Ball) e Cristiana Vasconcelos (do Departamento de Neurorradiologia do Hospital de Sto. António).
Fonte: Ciência hoje
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