segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Novo tratamento contra Hepatite C obtém eficácia entre 90% e 100%

Um dos maiores estudos clínicos já realizados no mundo revelou eficácia entre 90% e 100% de um novo tratamento para a hepatite C (HCV). No padrão atual de tratamento, que utiliza os medicamentos Interferon e Ribavirina. a eficácia varia em torno de 20% a 40%.
Ao todo. foram realizados seis estudos clínicos de fase 3, que avaliou 2.300 pacientes de 25 países infectados com a patologia em diferentes estágios de tratamento da doença. Os estudos de fase 3 são aqueles realizados em larga escala, em múltiplos centros de diferentes países e diferentes populações de pacientes. O Brasil não participou desta etapa da pesquisa.

O trabalho, desenvolvido pela empresa biofarmacêutica Abbvie, foi apresentado em recente coletiva de imprensa realizada em Salvador.

Combinação

De acordo com o diretor-médico da empresa, José Eduardo Neves, o tratamento consiste na combinação de três compostos químicos. "Por combinar três diferentes tipos de ação, ele interrompe o processo de replicação do vírus com a meta de otimizar a resposta virológica em diferentes tipos de pacientes, inclusive aqueles sem experiência prévia de tratamento e também os cirróticos, que hoje têm poucas opções de tratamento e baixas taxas de eficácia", diz.

Os resultados mostraram eficácia entre 92% e 100% de resposta virológica. em 12 semanas de tratamento, com baixa taxa de efeitos adversos e alta taxa de adesão, variando conforme a população estudada.

"Em um dos estudos, o tratamento foi realizado em pacientes cirróticos durante 24 semanas e mostrou eficácia entre 92% e 96%, o que é excelente. uma vez que esses pacientes normalmente já estão em fase avançada da doença", explica o diretor-médico José Eduardo Neves.

Segundo ele, os efeitos colaterais mais comuns apresentados durante a pesquisa foram fadiga e cefaleia. 

"O tratamento padrão atual dura cerca de 48 semanas e tem mais efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreias. convulsões, alterações de comportamento, depressão. Esse novo tratamento, além de apresentar efeitos colaterais bem mais leves, tem a vantagem de apresentar resultados mais rápidos".

Expectativa no Brasil é de que Anvisa aprove ainda este mês

Este novo regime de tratamento foi considerado revolucionário pela Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula remédios e alimentos, e, por isso está sendo submetido á aprovação prioritária por este órgão. A Agência Reguladora da Comunidade Européia (EMA) também está em processo de aprovação.

No Brasil o tratamento está previsto para ser submetido a aprovação regulatória ainda este mês. A biofarmacêutica Abbvie pretende realizar um estudo no país com 220 pacientes de 14 centros brasileiros, ainda sem data para ser iniciado. For enquanto, não há informações sobre o custo do medicamento, que será administrado via oral.

Para o médico hepatologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná, o novo método proporcionará mais qualidade de vida para o paciente.

"Esse é um medicamento promissor porque otimiza o tratamento, já que o paciente passará a administrar o medicamento em dose única, e também sofrerá menos porque tem menos efeitos colaterais". diz.

Opções

No Brasil, estima-se que 2,5 milhões de pessoas tenham a doença, sendo o genótipo 1 o mais prevalente.

Apesar de considerado um medicamento revolucionário, segundo Paraná, há outros tratamentos sendo desenvolvidos. "Há alguns outros laboratórios desenvolvendo tratamentos neste sentido e é importante que o paciente conte com outras opções".

Fonte: A Tarde

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