Os alimentos tostados podem ser cancerígenos alertou a Ordem dos Nutricionistas com base num parecer científico da Autoridade de Segurança Alimentar Europeia (EFSA) que se encontra em consulta pública.
O documento da EFSA, ao qual a agência Lusa teve acesso, “confirma anteriores avaliações, com base em estudos com animais, de que a acrilamida nos alimentos aumenta potencialmente o risco de desenvolver cancro, em consumidores de todos os grupos etários".
De acordo com a Ordem dos Nutricionistas, a acrilamida é um composto que se forma durante o aquecimento de certos alimentos a temperaturas elevadas e que faz os alimentos ficarem “tostados”, podendo originar no organismo a glicidamida, um composto genotóxico, que altera o DNA, com consequente risco para o aparecimento de células neoplásicas e por último o aparecimento do tumor.
Em causa estão alimentos cozidos a altas temperaturas, como o pão, as batatas fritas, os biscoitos, as bolachas, o café ou algumas papas para bebes, que são importantes fontes alimentares de acrilamida
“Quando torramos demasiado o pão e ele adquire uma tonalidade excessivamente escurecida, forma-se a acrilamida, um composto derivado da exposição excessiva a temperaturas elevadas de alguns hidratos de carbono presentes no pão”, explicou a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento.
Relativamente aos fritos, a especialista esclarece que “são cozidos a temperaturas superiores a 100ºC ou 120ºC e por isso é importante que se controle o tempo que permanecem em fritura, precisamente porque a acrilamida se forma a partir do momento em que começam a ficar excessivamente tostados”.
As crianças são as mais expostas à sua ingestão, sendo também mais vulneráveis devido à sua massa corporal. No entanto, a EFSA esclarece que apenas devem ser evitadas os que contêm cereais processados.
As autoridades europeias e nacionais já recomendam reduzir a acrilamida nos alimentos, tanto quanto possível, e prestar aconselhamento na preparação de alimentos para os consumidores e produtores alimentares.
O estudo é conclusivo no que toca a animais, nos quais se verificaram mutações de DNA que os torna suscetíveis ao aparecimento de cancro. Contudo, no que toca aos humanos, não existem evidências conclusivas, mas há fortes indícios que têm vindo já a ser recalcados por vários outros estudos e que tornam esta possibilidade próxima de se tornar evidência.
Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.
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