sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Origem do medo no cérebro aponta rota para tratamento de fobias


Medo no cérebro

A ideia de que o cérebro humano é dividido em áreas muito especializadas, com funções específicas, acaba de receber mais um duro golpe.

Uma dessas associações mais conhecidas é aquela que propõe que o medo se originaria nas amígdalas.
As amígdalas cerebelosas são duas estruturas arredondadas, com cerca de dois centímetros de diâmetro, formadas por neurônios da chamada substância cinzenta, alojadas profundamente no cérebro.

De fato, vários exames têm associado uma atividade nas amígdalas em situações de medo, mas também em processos ligados à sociabilidade.

Pânico

Agora, cientistas demonstraram que, embora possam ter seu papel na emoção básica, as amígdalas não são os únicos gatilhos do medo.
Para isso, eles analisaram detalhadamente o cérebro de uma paciente levada ao pânico durante um experimento - só que a paciente possui uma anomalia rara, chamada doença de Urbach-Wiethe, que danifica as amígdalas.

Segundo a teoria tradicional, ela deveria ser incapaz de sentir medo.
Mas os danos à estrutura em seu cérebro não impediram que ela não apenas sentisse medo, mas que seu medo chegasse ao nível que os médicos categorizam como "terror".

"Esta pesquisa mostra que o pânico, ou o medo intenso, é induzido fora da amígdala," resume o Dr. John Wemmie, coordenador do estudo. "Isto pode ser uma parte fundamental da explicação de por que as pessoas têm ataques de pânico."

Segundo ele, a descoberta dessa nova rota que o medo segue no cérebro pode se tornar um alvo para tratamentos de ataques de pânico, síndrome do estresse pós-traumático e outras condições relacionadas à ansiedade.
A rota do medo no cérebro inclui o tronco cerebral e o diencéfalo, ou córtex insular.

Tratamento de fobias

No experimento, a paciente não sentiu medo de nada externo, incluindo a aproximação de cobras e aranhas, filmes de terror, casas mal-assombradas e nenhuma outra ameaça que os pesquisadores puderam imaginar.

Mas ela entrou em pânico ao se deparar com "ameaças internas", como um sufocamento, a sensação de que não seria mais capaz de respirar.
"As informações do mundo exterior são filtradas através da amígdala, a fim de gerar o medo," reconhece Justin Feinstein, o idealizador do experimento com as ameaças internas.

"Por outro lado, os sinais de perigo que vêm do interior do corpo podem provocar uma forma muito primitiva de medo, mesmo na ausência do funcionamento da amígdala," acrescenta.
É essa forma primitiva de medo, sem a ameaça presente, que está atraindo a atenção dos pesquisadores, uma vez que essa é tipicamente a situação de muitas fobias, que persistem mesmo anos depois de a ameaçada ter desaparecido.

Fonte: Diário da Saúde