Uma das dificuldades no tratamento da tuberculose
(TB) é quando os pacientes, por motivos diversos, desenvolvem uma resistência.
Hoje, utilizando-se métodos convencionais de diagnóstico, leva-se de um a dois
meses para obter um resultado confiável da redução do bacilo, ou seja, para a
confirmação de que o paciente está reagindo bem às drogas.
Interessada em reverter este quadro, a bióloga
Rosana Montenegro avaliou em sua tese de doutorado em saúde pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde, em Pernambuco, o RNA mensageiro do Mycobacterium tuberculosis como
marcador de cura em pacientes com tuberculose pulmonar, utilizando a técnica
molecular transcrição reversa, seguida de PCR quantitativa em tempo real
(RT-qPCR).
Como resultado, ficou constatado que a referida
técnica além de mais rápida (o resultado pode ser dado em 48 horas), é capaz de
superar algumas limitações dos exames atualmente utilizados. Embora seja um
método caro – não indicado para ser utilizado como rotina – ao se identificar
precocemente o paciente que desenvolveu uma TB resistente, pode-se alterar a
medicação mais cedo, evitando que o mesmo receba uma carga pesada de
medicamentos que não estão dando resultado, piorando seu quadro. Além disso,
existe o agravante é que nesse período ele continua transmitindo a doença. O
estudo foi orientado pela pesquisadora Haiana Schindler, e as análises foram
realizadas no Núcleo de Plataformas Tecnológicas (NPT) da instituição.
Atualmente, os exames mais utilizados para
monitorar a resposta ao tratamento anti-TB são a baciloscopia (a partir de
esfregaço do escarro) – que, segundo estudos, apresenta baixa sensibilidade
(podendo resultar em falso negativo) e a cultura de M. tuberculosis, que necessita de um a dois meses para chegar a um
resultado, devido ao crescimento lento do bacilo. Apesar de ter tratamento e
medidas eficazes de controle, a tuberculose é um dos grandes problemas de saúde
pública no Brasil e no mundo, devido as suas altas taxas de morbimortalidade e
índices de transmissão. O tratamento é longo, dura seis meses e a interrupção
pode resultar no surgimento de cepas do transmissor, o Mycobacterium
tuberculosis, resistentes às drogas.
Fonte: Fiocruz