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continentes
Uma doença
renal misteriosa vem atacando milhares de pessoas em comunidades rurais do
sudeste asiático e da América Central.
O aparecimento
da doença intriga os pesquisadores, que ainda não conseguiram identificar as
causas exatas da enfermidade.
Segundo o
Ministério da Saúde do Sri Lanka, 15% da população local foi afetada pela
doença renal crônica. A maioria dessas pessoas são cultivadores de arroz.
A epidemia misteriosa
também vem ganhando terreno a milhares de quilômetros de distância, na América
Central e já é a segunda maior causa de mortes de homens em El Salvador.
Na Nicarágua,
a doença não identificada mata mais que o vírus HIV e a diabetes combinados.
Ao todo, seis
países da América Central já foram afetados. A epidemia também foi identificada
na Índia e no Sri Lanka.
Nefrite
A causa ainda
é desconhecida, mas os pesquisadores acreditam que as vítimas estejam sendo
contaminadas como resultado de seu próprio trabalho.
As epidemias
nas três regiões têm vários pontos em comum. As vítimas são em sua grande
maioria agricultores relativamente jovens. Poucos deles sofriam de diabetes e
de pressão alta, os fatores de risco mais comuns para doença renal.
Todos sofrem
com um problema conhecido como nefrite túbulo-intersticial, que provoca
desidratação grave e envenenamento do sangue.
O problema
afeta áreas geográficas específicas que são bastante férteis e muito quentes.
As vítimas em sua maioria fazem trabalhos manuais pesados, têm pouca educação
formal e pouco acesso a cuidados médicos. Em todas as áreas, os primeiros casos
apareceram nos anos 1990.
Os cientistas
acreditam que o problema pode estar ligado a algum produto químico presente ou
utilizado nas lavouras desses locais, mas as pesquisas até hoje não conseguiram
identificar exatamente o causador da doença.
Com isso, não
há tratamento disponível para a doença, nem uma maneira conhecida de
preveni-la.
"É
importante que a doença renal crônica, que afeta milhares de trabalhadores
rurais na América Central, seja reconhecida pelo que é - uma grande epidemia
com um tremendo impacto na população", afirma Victor Penchaszadeh,
epidemiologista da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e consultor da
Organização Pan-Americana de Saúde sobre doenças crônicas na América Latina.
Metais
pesados
Apesar de o
mistério ainda permanecer sobre as causas da doença, uma pesquisa iniciada há
quatro anos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo governo do Sri Lanka
começa a indicar possíveis caminhos.
Os resultados,
divulgados há poucas semanas, sugerem que os culpados podem ser dois metais
tóxicos - cádmio e arsênico - que estariam contaminando os alimentos e o ar.
Segundo o
Ministério da Saúde do Sri Lanka, os exames indicaram níveis relativamente
altos dos dois metais no sangue e na urina da população da Província
Centro-Norte.
Apesar de os
níveis estarem geralmente dentro do que é considerado seguro, a exposição
contínua a esses elementos pode ser prejudicial.
O novo estudo
também indica que os metais poderiam estar vindo de fertilizantes e pesticidas,
baratos e superutilizados na região.
Muitos médicos
e cientistas familiarizados com o estudo concordam que mais pesquisas ainda são
necessárias, mas acreditam que os químicos usados na agricultura são ao menos
parcialmente responsáveis pelo problema.
Pesticidas
ou fertilizantes
Mas ainda há
muitas questões sem resposta: os níveis de cádmio e arsênico encontrados nos
corpos das pessoas são altos o suficiente para provocar danos?
Qual metal
provoca a doença, o cádmio ou o arsênico? Ou uma combinação dos dois?
Os metais vêm
principalmente de pesticidas ou de fertilizantes? E se esses produtos são a
causa da doença, por que os agricultores de outras partes do país, que também
os usam, não estão sendo afetados?
As perguntas
ainda são muitas, mas os especialistas esperam estar um pouco mais próximos de
conseguir finalmente resolver o problema.
Fonte:
BBC