Investigadores americanos descobriram uma nova
causa para a hidrocefalia, refere um estudo publicado na “Nature Medicine”.
Esta doença, que afeta entre um a três bebes por
cada 1.000 nascimentos, envolve a acumulação de fluido nas cavidades do cérebro
conhecidas como ventrículos. Caso o excesso de fluido não seja removido, os
ventrículos expandem-se podendo causar danos cerebrais graves e morte. Apesar
de a hidrocefalia ser um dos tipos mais comuns de problemas cerebrais dos
recém-nascidos, os tratamentos não sofreram muitas alterações ao longo do
último meio século. Este envolve a cirurgia cerebral invasiva para drenar o fluido, a
qual apresenta muitas vezes complicações e apresenta falhas, o que significa
que as crianças por vezes necessitam de ser submetidas a cirurgias repetidas.
Dado as extremas limitações de tratamento, o
desenvolvimento de terapias não invasivas poderiam revolucionar o tratamento
desta doença, referiu, em comunicado de imprensa, o primeiro autor do estudo,
Calvin Carter.
Assim, neste estudo os investigadores da University of
Iowa, nos EUA, utilizaram um modelo de ratinho com hidrocefalia, para estudar
um tipo específico de células imaturas conhecidas por células precursoras
neuronais, que se diferenciam na maioria das células cerebrais, incluindo os neurônios
e as células gliais. Os investigadores focaram-se num subgrupo específico de
células precursoras neuronais que foram recentemente identificadas e que estão
envolvidas no normal desenvolvimento dos ventrículos.
O estudo refere que durante o desenvolvimento
cerebral, esta população de células imaturas prolifera e morre de acordo com um
processo preciso e coordenado de forma produzir ventrículos normais. Os
investigadores verificaram que há um desequilíbrio na proliferação e
sobrevivência destas células que conduz à hidrocefalia nos ratinhos .
O desequilíbrio é causado por problemas nas vias de
sinalização envolvidas na morte ou proliferação desse tipo de células
precursoras neuronais. Foi verificado que, no modelo animal, estes dois
processos estão alterados, as células morrem a uma taxa duas vezes maior do que
o habitual e proliferam a metade da taxa.
Após terem identificado o problema, os
investigadores demonstraram que o tratamento com lítio restaurava a
proliferação normal das células precursoras e reduzia a hidrocefalia nos
ratinhos.
"Os nossos resultados demonstraram, pela
primeira vez, que as células neuronais progenitoras estão envolvidas no
desenvolvimento de hidrocefalia neonatal. Fomos também os primeiros a manipular
o desenvolvimento destas células e a tratar com sucesso a hidrocefalia neonatal, algo que abre portas
para o desenvolvimento de novas estratégias e para o tratamento desta e de
outras doenças neurológicas”, conclui Calvin Carter.
Fonte: ALERT
Life Sciences Computing, S.A.