quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fiocruz-PE testa medicamento para fase crônica da Doença de Chagas


Doze pacientes acometidos pelo mal são acompanhados pela instituição. Atualmente, só há no mercado medicamento para a fase aguda da enfermidade.

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, pode ajudar no tratamento de pessoas que têm a Doença de Chagas na fase crônica, ou seja, sofrem do mal há muito tempo. 

Pesquisadores realizam testes em 12 pacientes com o medicamento Benzonidazol, produzido pelo Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe). A evolução deles é acompanhada desde setembro do ano passado e, dependendo do resultado, pode significar uma esperança para quem sofre com a enfermidade. 

No dia 12 de abril, médicos, estudantes e voluntários do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), no Recife, fizeram ato que alertou para a importância do diagnóstico precoce da doença.

Atualmente, só há no mercado medicamento para tratar doentes que estão na fase aguda da Doença de Chagas. A pesquisa da Fiocruz-PE será concluída daqui a quatro anos, mas o projeto prevê o acompanhamento dos pacientes por um período de dez anos.

“Nosso trabalho dá suporte a esse tipo de estudo que acredita que o medicamento na fase crônica é bom para o paciente. Muitos pacientes nos perguntam, depois de receber o tratamento: ‘e agora, eu melhorei da Doença de Chagas?’ E a gente não tem como responder, porque ainda não existe um indicador que possa estar sinalizando para essa melhora clínica, essa melhora parasitológica, ou seja, não ter mais o parasito circulando no corpo”, explica a biomédica Virgínia Lorena, da Fiocruz.

A empregada doméstica Antônia Caetana da Silva diagnosticou a Doença de Chagas há 12 anos. Como o mal ainda não se manifestou no corpo, ela vai ao ambulatório do Procape apenas para fazer o controle periódico. “Às vezes me sinto muito cansada, uma dor na perna, mas isso passa dependendo do medicamento que eu tomo”, diz.

O Ministério da Saúde estima que 2 milhões de brasileiros ainda sofram da doença, que no passado chegou a ser considerada como erradicada. No ambulatório do Procape são atendidos 1,2 mil pacientes por mês. Eles passam por acompanhamento que inclui a coleta de sangue para avaliar o estágio da doença. A unidade é a única de Pernambuco voltada exclusivamente para a Doença de Chagas.

“Antes do ambulatório, há 25 anos, os pacientes eram atendidos em vários hospitais e como a gente sentiu que o número de pacientes portadores da doença era muito grande e eles não tinham acesso a esse tratamento, nós resolvemos, então, iniciar o ambulatório. A ideia é exatamente essa, que eles possam ter um acesso mais fácil ao tratamento, tanto os que moram na região rural, como aqueles que moram na Região Metropolitana”, afirma o coordenador do ambulatório do Procape, Wilson de Oliveira Júnior.

Causada pelo protozoário chamado Trypanosoma cruzi, a Doença de Chagas é transmitida pela picada do inseto conhecido como Barbeiro, por transfusão de sangue, da mãe contaminada para o filho ou pela ingestão de alimentos contaminados. Os sintomas mais frequentes são mal-estar, pernas e braços inchados, coração crescido e batimentos acelerados ou lentos demais.

Fonte: Dikajob