Com
a intensificação da temporada da gripe no hemisfério Norte, os médicos têm um
novo arsenal de vacinas à sua disposição. Elas geralmente protegem bem, mas por
pouco tempo.

É
assim desde o advento da vacina antigripe, na década de 1950. No entanto,
estudos recentes trazem esperanças de uma mudança. Nabel e outros especialistas
anteveem uma época em que as vacinas sazonais contra a gripe sejam substituídas
por uma imunização duradoura.
"Essa
é a meta: duas doses quando você é jovem, e aí reforços mais tarde",
afirmou Nabel.
Essa
vacina seria de grande valia na luta contra surtos sazonais de gripe, que matam
cerca de 500 mil pessoas por ano. Mas Sarah Gilbert, da Universidade de Oxford,
argumenta que ela poderia trazer um benefício ainda maior.
"A
vacinação universal trará fim à ameaça de uma pandemia de influenza",
escreveu ela em um recente relatório.
As
vacinas melhoram a proteção imunológica própria do organismo. As atuais vacinas
antigripe protegem as pessoas ao permitir a produção de anticorpos antes do
contato com os vírus. Mas a incessante evolução da influenza obriga os
cientistas a reconfigurar a vacina a cada ano.
Meses
antes da temporada de gripes, eles precisam intuir quais cepas serão
dominantes. Os laboratórios então combinam fragmentos de proteínas dessas cepas
para criar uma nova vacina.
Há
muito tempo, os cientistas buscam formas de romper esse ciclo, desenvolvendo
uma vacina que funcione contra qualquer tipo de influenza. Essa vacina
universal contra a gripe precisaria atacar uma parte do vírus que mude pouco de
ano para ano.
Gilbert
e seus colegas estão tentando produzir uma vacina, baseada nos linfócitos T,
que possa localizar esse alvo. Os cientistas já descobriram que, quando as
células T aprendem a reconhecer proteínas de um tipo de vírus, elas conseguem
atacar muitos outros tipos.
Enquanto
os pesquisadores de Oxford se debruçam sobre as vacinas com linfócitos T,
outros estão desenvolvendo vacinas capazes de gerar anticorpos que sejam
eficazes contra muitos vírus da gripe - ou talvez contra todos.
A
primeira dica de que tais anticorpos existem surgiu em 1993, quando
pesquisadores japoneses contaminaram ratos com o vírus da gripe H1N1. Eles
extraíram anticorpos dos animais e os injetaram em outros ratos. Os espécimes
que receberam os anticorpos demonstraram estar protegidos contra outro tipo de
gripe, a H2N2. Mas, na época, isso foi visto com estranheza, segundo Ian
Wilson, do Instituto de Pesquisas Scripps, de San Diego. Os novos anticorpos
atacam outras partes dos vírus que não os alvos das vacinas atuais.
"Todo
o campo está estimulado", disse Wilson. "É uma ótima época."
Jornalista:
Carl Zimmer - Folha de S.Paulo