O
glaucoma deixou de ser caracterizado apenas como uma doença oftalmológica. Os
especialistas consideram-no agora também um distúrbio neurológico que conduz à
degeneração e morte das células nervosas no cérebro, semelhante ao que ocorre
na doença de Parkinson e Alzheimer, revela um estudo de revisão publicado na
revista “Ophthalmology”.
O
glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível em todo o mundo. Durante
muitos anos, acreditou-se que os danos na visão dos pacientes com glaucoma eram
causados por uma pressão interna ocular elevada, conhecida por pressão intraocular.
Como resultado, a diminuição da pressão intraocular era o único objetivo dos
investigadores que desenvolviam técnicas cirúrgicas e fármacos para o
tratamento desta doença.
Hoje
em dia a pressão intraocular não é o único parâmetro que um oftalmologista
utiliza para fazer o diagnóstico do glaucoma, apesar de fazer parte das
decisões de tratamento a adotar. Em todo o caso, os fármacos e as cirurgias
para baixar a pressão intraocular ainda continuam a ser formas eficazes de
proteger os olhos e a visão dos pacientes que sofrem desta doença.
Contudo,
mesmo nos casos em que a cirurgia ou medicação diminuíram eficazmente a pressão
intraocular, alguns pacientes continuaram a reportar perda de visão. Esta e
outras razões fizeram com que os especialistas deixassem de se centrar
exclusivamente na pressão intraocular como única causa do aparecimento do
glaucoma.
Os
investigadores focaram-se assim nos danos que ocorriam num tipo de células
nervosa conhecidas por células ganglionares da retina, que são vitais para a
visão e que ligam o olho ao cérebro através do nervo ótico.
Os
tratamentos que tem por alvo estas células e que se encontram agora em ensaios
clínicos incluem: fármacos que aumentam a sobrevivência e os fatores de
crescimento das células ganglionares da retina; fármacos utilizados no
tratamento dos acidentes vasculares cerebrais e doença de Alzheimer e
estimulação elétrica destas células.
“À
medida que os investigadores começam a focar a sua atenção nos mecanismos que
causam a degeneração das células ganglionares da retina, estão a encontrar
formas de proteger e aumentar e até regenerar estas células vitais” revelou, em
comunicado de imprensa o líder desta publicação, Jeffrey L Goldberg. “Conhecer
a forma de prevenir os danos e melhorar a função destes neurônios pode conduzir
a melhores tratamentos para o glaucoma e para outras doenças degenerativas
oculares”, acrescentou.
Caso
este tipo de investigação tenha sucesso os tratamentos do glaucoma poderão não
só impedir a perda da visão como ainda permitir a sua recuperação. Os
cientistas também esperam que os estudos das células ganglionares da retina
ajudem a determinar que fatores tornam as pessoas mais vulneráveis a esta
doença.
Estudo publicado na
revista “Ophthalmology”