quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Doenças causadas pelo tempo seco: como prevenir e tratar

Baixa umidade do ar aumenta incidência de doenças respiratórias e de infecções virais e bacterianas

Os meses do inverno têm tempo seco em grande parte do território brasileiro. Quando a umidade do ar cai para menos de 30% — o índice ideal, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, é de 60% —, aumenta a incidência de problemas como alergias respiratórias e viroses. 

O maior malefício da baixa umidade do ar é a desidratação das células, principalmente da pele e das mucosas. Narinas e olhos ressecados, cansaço e dor de cabeça são sintomas que podem aparecer quando faltam água e sais minerais no organismo. Com o tempo seco cresce a prevalência de doenças como rinite e conjuntivite alérgicas, pois os agentes causadores das alergias — como poeira, poluição e pelos de animais — ficam mais tempo suspensos no ar.

Quem não se hidrata corretamente também corre risco de contrair viroses e infecções bacterianas. "O vírus e a bactéria se aderem mais facilmente a uma célula ressecada", explica a alergista e imunologista Alexandra Sayuri Watabe, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Pessoas com problemas respiratórios são as principais afetadas pelo tempo seco. "Na respiração, o organismo precisa de água para umedecer o ar que entra no corpo", diz o pneumologista Alexandre Kawassaki, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Sem a umidade, o muco, que ajuda a proteger o organismo de infecções, fica muito espesso e não consegue limpar as vias aéreas adequadamente.

Prevenção 

Beber pelo menos 2 litros de água por dia, hidratar as narinas com soro fisiológico, pingar colírio nos olhos, espalhar toalhas molhadas e bacias de água pelo quarto são algumas medidas para combater as doenças causadas pelo ar seco. A recomendação é procurar um médico apenas se os sintomas permanecerem por mais de uma semana. "No hospital a pessoa pode se expor a algum vírus mais perigoso", diz Kawassaki. "O melhor método é fazer a prevenção em casa." 

Doenças ocasionadas pelo tempo seco

Rinite alérgica
Quando o organismo entra em contato com alérgenos, cria defesas para que eles não cheguem a outras partes do corpo, como o pulmão. Espirros e coriza, por exemplo, são maneiras de eliminar esses agentes. "No tempo seco, há mais substâncias tóxicas e micropartículas de poeiras suspensas no ar. Isso irrita a mucosa nasal e pode causar a rinite alérgica”, explica Alberto Coimbra, pneumologista e membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Um umidificador de ar pode amenizar o problema. Se usado 24 horas por dia, no entanto, o aparelho pode causar um excesso de umidade no ambiente e provocar o aparecimento bolor e mofo, que desencadeiam alergias. "O ideal é utilizá-lo apenas na hora de dormir, por exemplo", afirma o pneumologista Alexandre Kawassaki, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. 

Asma
Uma das funções do nariz é umedecer o ar que entra nos pulmões. Pessoas asmáticas têm mais dificuldade para respirar por causa do estreitamento dos bronquíolos, que são os canais que permitem a passagem do ar no pulmão. "A falta de umidade resseca a mucosa dos bronquíolos. Os canais se contraem ou produzem muco, dificultando a respiração", diz Alexandre Kawassaki. Hidratação é a palavra-chave para os asmáticos — beber pelo menos 2 litros de água e espirrar soro três vezes por dia nas narinas ajuda a umidificar o ar que chega aos pulmões.

Dermatite
Coceira e vermelhidão na pele podem ser sinais de dermatite, uma inflamação ocasionada por substâncias irritantes como pólen. No tempo seco, a maior concentração de agentes alérgenos no ar eleva o risco de contato do organismo com esses elementos. Além disso, a pele desidratada e perde a sua camada de gordura, uma barreira contra agressores externos. "Usar hidratantes ajuda a evitar dermatites, pois esses produtos possuem substâncias que retêm água na pele", afirma a alergista e imunologista Alexandra Sayuri Watabe, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Diminuir a temperatura do chuveiro também protege contra o ressecamento.

Faringite
Com o tempo seco, não são apenas a poeira e a poluição que ficam suspensas no ar — vírus e bactérias também. Gripes, resfriados e faringite, uma inflamação na faringe, são mais incidentes quando a umidade do ar está baixa. Segundo Alexandre Kawassaki, o muco mais espesso também contribui para a proliferação desses micro-organismos. "Quando o ar está úmido, o muco fica líquido e é expelido com facilidade. Já o ar seco deixa o muco mais espesso, de modo que bactérias e vírus permanecem mais tempo no organismo e podem se proliferar", explica. Beber no mínimo 2 litros de água e consumir frutas ricas em água, como melão e melancia, ajudam a manter as células hidratadas.

Conjuntivite Alérgica
No tempo seco, há mais probabilidade de agentes alérgenos entrarem em contato com os olhos e causarem conjuntivite alérgica. Coceira, dor, vermelhidão e aumento de secreção lacrimal são alguns sintomas da doença. Para evitar o problema, a recomendação é pingar colírios que imitem lágrimas. Antes de escolher uma marca, é importante consultar o médico, pois alguns colírios possuem corticoide, medicamento que pode danificar os olhos se usado indevidamente.

Sinusite
No tempo seco, as membranas que revestem os seios nasais não conseguem drenar perfeitamente o muco, que se torna mais espesso pela falta de umidade. Como o ar não circula adequadamente, vírus e bactérias se reproduzem com facilidade e favorecem a sinusite, que se caracteriza como uma inflamação nos seios da face. Seus sintomas são dor de cabeça, coriza e incômodo na região abaixo dos olhos. Colocar um balde de água ou uma toalha molhada no quarto pode ajudar a elevar a umidade do ar e diminuir o risco de a sinusite se manifestar.

Por: Alexandra Sayuri Watabe, alergista, imunologista e diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai); Alexandre Kawassaki, pneumologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo; Alberto Coimbra, pneumologista e membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Fonte: Veja

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