segunda-feira, 14 de julho de 2014

As doenças terminais e as estatinas

A descontinuação da toma de estatinas nos doentes em estado terminal poderá aumentar a sua esperança de vida, são as conclusões de um estudo recente.

Conduzido por uma equipe da Universidade do Colorado e pelo Palliative Care Research Cooperative Group, EUA, o estudo procurou determinar a altura em que seria benéfico para os pacientes com doenças terminais descontinuarem a toma de medicamentos para outros problemas como a osteoporose, diabetes e hipertensão, sem causar a morte dos mesmos. É o caso das estatinas, que são fármacos indicados para baixar os níveis de colesterol no sangue.

Para o estudo, a equipe contou com a participação de 381 pacientes, cuja esperança de vida era inferior a um ano. Todos os participantes estavam a tomar estatinas há pelo menos 3 meses. Os participantes foram aleatoriamente divididos em dois grupos, tendo um dos grupos continuado a tomar estatinas, enquanto o outro grupo foi aconselhado a interromper a sua toma.

Os participantes foram seguidos por um período de até 1 ano, tendo sido monitorizados em termos de sobrevivência, eventos cardiovasculares e alterações na qualidade de vida. Foi observado que no grupo das estatinas a mediana de sobrevivência dos participantes foi de 190 dias, ao passo que no grupo que descontinuou o fármaco, a mediana de vida ascendeu aos 229 dias.

Foi igualmente determinado que os pacientes do grupo que tinha deixado de tomar a estatinas tinham demonstrado uma melhor qualidade de vida, incluindo bem-estar psicológico e menos encargos financeiros (por não terem que adquirir o fármaco) do que os que tinham continuado a tomar o fármaco.

Jean Kutner, da Universidadedo Colorado comenta, sobre os fármacos para doenças como diabetes e hipertensão, que: “essas são coisas que as pessoas tomam para prevenir algo ou tratar uma doença crônica. Mas particularmente na população com cancro avançado poder-se-á não obter os benefícios pretendidos”.

A clínica considera, portanto que os doentes com uma esperança de vida inferior a um ano e que estão a tomar medicação de prevenção deveriam considerar a hipótese, juntamente com os seus médicos, de descontinuarem a toma das estatinas.

A docente acha que os médicos estão “concentrados em que medicamentos são eficazes para começar a tomar, mas não existem estudos sobre o fato de se deixar ou de quando se deixar de os tomar. Isto é uma nova linha de investigação. Achamos que existem muitas situações em que os fármacos preventivos poderão prejudicar mais do que beneficiar, especialmente no contexto dos cuidados de fim de vida”.

Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.

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