sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estudo questiona eficácia do Omega 3 na prevenção de AVCs e ataques cardíacos


Um artigo científico publicado pela revista Journal of the American Medical Association (JAMA) contesta a capacidade da substância ômega 3, um tipo de gordura presente em alimentos como peixes e óleos vegetais, de promover benefícios para a saúde cardíaca. A pesquisa analisou estudos anteriores com cerca de 70.000 pacientes e concluiu que estatisticamente não havia qualquer associação significativa entre o consumo de ômega 3 e a redução de óbitos ou doenças do coração.
Até a publicação deste estudo, o consumo de ômega 3 era tido como benéfico para a prevenção de problemas cardiovasculares. Acreditava-se que a substância teria capacidade de reduzir os níveis de triglicérides, prevenir arritmias sérias e diminuir a agregação plaquetária e a pressão sanguínea.
Buscando dados mais precisos, os cientistas do Hospital Universitário de Ioannina, na Grécia, examinaram 20 estudos que haviam analisado um total de 68.680 pacientes aleatórios que consumiam a substância. Nesse universo de pacientes foram contabilizadas 7.044 mortes por todas as causas, 3.993 óbitos por causas cardíacas, 1.150 mortes repentinas, 1.837 ataques cardíacos e 1.490 derrames.
Ao analisar esses números, os cientistas concluíram que não houve qualquer associação significativa entre o consumo de ômega 3 e a redução de óbitos ou doenças do coração. O estudo afirma que as descobertas não justificam o uso de ômega 3 como uma intervenção estruturada na prática clínica cotidiana e nem indicam uma dieta rica em ômega 3. É bom lembrar, no entanto, que a substância já demonstrou proteger contra o envelhecimento cerebral.

Opinião

Na avaliação do dr. Carlos Costa Magalhães, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a pesquisa é reconhecida pela comunidade médica brasileira e o resultado apresentado não causou tanta surpresa.  Segundo o cardiologista, o ômega 3 ainda não tinha efeitos comprovados e não fazia parte importante do arsenal terapêutico.  
“Para pacientes que sofreram enfarto do miocárdio, por exemplo, nós costumamos receitar estatinas, substâncias com resultado muito mais consistente na redução de mortalidade. A pesquisa veio confirmar a interpretação que boa parte dos cardiologistas tinham”, concluiu o especialista. 
Segundo ele, o consumo de ômega 3 não impede que, associado a outras terapias, possa ajudar a atingir metas no tratamento. “Isso não quer dizer que o ômega 3 não tenha nenhum efeito benéfico. Quando associado a outros tratamentos, como as estatinas, ele pode ajudar a baixar os triglicérides. Precisaremos de mais estudos para analisar isso”.

Fonte: Portal Veja.com